Trata-se de uma área preservada de mata atlântica, muito conhecida por sua importância histórica e ambiental.
Percorremos num total de 10 km, sendo ida e volta, num trecho entre o Costão da Juréia até a Praia do Rio Verde.
Vista via Google Maps
Essa trilha tem uma história bem antiga, já sendo usada no período pré colonial por índios seminômades (viviam da caça e pesca e também cultivo de mandioca).
Posteriormente foi adequada ao uso dos portugueses na segunda metade do século XVII, expandida para o tráfego intenso de carroças e escravos para escoação da produção agrícola local, devido ao grande movimento no Porto de Iguape, com a existência das fazendas de arroz.
Tratava-se de um importante elo de ligação entre as cidades de Iguape a Santos, vitais na época colonial.
O acesso a trilha é restrito. Para poder fazer essa caminhada é necessária autorização da direção da Estação Ecológica.
Nós realizamos a trilha através da AMAI – Associação de Monitores Ambientais de Iguape, conduzidos pelos muito atenciosos guias Major e Rogério. Aliás, esse foi um diferencial do passeio, estar com guias especializados.
A trilha se inicia na guarita dos guardas do parque, no Costão da Juréia. Havia de nossa parte uma preocupação quanto as condições da praia, já que são inúmeras as histórias sobre carros atolados e engolidos pelo mar. Mas quanto a isso a Alessandra (AMAI) me tranqüilizou pois iríamos com os guias que conheciam as condições da maré.
Ao atravessar a balsa que dá o acesso a Juréia os monitores já nos esperavam. Seguimos com eles pelo Costão da Juréia, atrás da “Jubiraca”.
Praia da Juréia - Seguindo a "Jubiraca"
Deixamos os carros estacionados na área gramada, distante da praia, preenchemos uns papéis, fizemos aquecimento (aliás, primordial pois a trilha é pesada).
Antes de iniciar a subida, o guia Major nos passou as recomendações básicas para a realização do passeio sem incidência de acidentes assim como as demais dicas importantes.
Entrada da trilha - Ao lado da guarita
Logo de cara uma subida forte, confesso que achei que não conseguiria realizar todo o percurso, principalmente por estar super sedentária – exercícios 0 (devido a faculdade e correrias mais).
No entanto durante a trilha existem paradas estratégicas para o descanso. O desespero inicial sumiu. E fizemos a trilha numa boa, sem ninguém deixado para trás ou problemas maiores quanto a isso.
A primeira parada nos permite ver o Costão da Juréia de uma vista privilegiada. Esse momento é mágico para todos. Você não percebe o quanto subiu, até se deparar com a vista. É maravilhosa.
Vista do Costão da Juréia
É quando vemos também os primeiros resquícios de alguns postes de telégrafo, que foram construídos a mando de Dom Pedro II em 1865, pela necessidade de haver uma linha de comunicação entre a então capital Rio de Janeiro com o Sul do País, devido à Guerra do Paraguai (1864-1870).
Por esse mesmo caminho também circulou, após o surgimento do telégrafo o serviço de correio nomeado de “Correio Del Rei”, a serviço da coroa.
Antigo poste de telégrafo
Paramos depois na Cachoeira Grande . Uma cachoeira bem alta, de onde temos uma visão muito bonita do mar. Lá não há piscina natural, mas é um lugar bem bonito e imponente.
Cachoeira Grande
Minha vontade era ficar sentada por lá um dia todo. Ainda tínhamos o som das ondas batendo nas rochas. Que ambiente perfeito.
Vista do mar, Cachoeira Grande
A terceira parada é na cachoeira do Senhor Bom Jesus (cachoeira do poço).
Chegando na cachoeira do Bom Jesus
O lugar é muito agradável e nos permite uma breve entrada nas suas águas geladas. Ela é suficiente para repor toda a energia e cair de volta pra trilha.
Descanso
Banho - Água gelada
De volta a caminhada, algumas paradinhas estratégicas para boas fotos.
Guia Major explicando sobre uma Figueira, que resiste a degradação
Vista para o mar no meio da trilha
O ritmo é intenso, o suor pinga pelo rosto, o corpo está molhado. Subidas e descidas que não eram super perigosas mas exigiam de todos atenção a julgar pelas pedras escorregadias e certas armadilhas naturais.
Porém o que tornava tudo mais emocionante, ainda com as chances de topar com algum animal local, o que pena, não aconteceu. Pelo caminho temos várias cachoeiras menores. Água por todo lado.
Água por todo o lado
O o interessante é observar os sistemas feitos para que a trilha passe por cima desses cursos d'água, feitos com pedras e que resistem ao tempo.
E a paisagem vai se modificando e quando próximos a praia do Rio Verde, temos essas vistas lindas e agradáveis.
Vista aérea do Rio Verde (a foto não é minha)
Primeira vista para a praia do Rio Verde
Pessoal a frente na trilha
Cachoeira do Rio Verde, vista bem de longe. (seta)
Zoom na cachoeira
E finalmente depois de algumas horas de trilha, chegamos ao Rio Verde. E fizemos sua travessia.
Chegada da Trilha
Travessia
Pausa para o descanso e almoço. Nas margens do Rio verde, pudemos conhecemos um pouco da cultura caiçara local. Nossos guias são amigos dos últimos moradores da reserva, e pudemos constatar que é muito triste o que foi feito com esses moradores, desde a implantação da reserva.
Alguns foram expulsos da região, ameaçados, banidos de um lugar que para alguns foi moradia há muitas gerações, passando de pai para filho.
Não entrarei no mérito da questão mas, foi desanimador ver essa triste realidade.
Flor típica da região
Depois do almoço, caímos nas águas perfeitas do Rio Verde. Temperatura agradável, paisagem deslumbrante. Uma delícia.
E então, conhecemos finalmente a Praia do Rio Verde.
Praia do Rio Verde
Areia fofa que dificultava a locomoção, ondas fortes e o maravilhoso encontro do rio com o mar.
Muitas conchas, siris, inclusive restos mortais do que eu acredito ser uma ave, nas águas do Rio Verde.
Restos de um pássaro
Também encontramos muita sujeira na praia, sujeira que o mar devolve. Cena triste e doída de se ver.
Lixo e lixo... triste constatação
Inclusive esse tambor de óleo de motor, made in Vietnam
Se o óleo acabar, é só jogar no mar.
A foz do Rio Verde valia a caminhada até a ponta da praia.
Rio verde
Foz do Rio Verde
Siri
Praia do Rio verde
Praia do Rio verde - Encosta
Rio verde
Rio verde - Parte norte da praia (Peruíbe)
Depois de aproveitar os encantos desse lugar nos preparamos para o retorno.
E energia do lugar é tão forte e especial que fizemos o retorno em menos tempo que o previsto (duas horas e meia) embaixo de uma leve garoa, sem nenhuma crise ou acidente.
Cogumelos encontrados pela trilha
Foram 2 horas e meia para o retorno. De volta a guarita do parque, ainda fomos conhecer uma outra cachoeira, a que fica próxima da entrada da trilha, mas nem todos foram até o fim.
E essa foi a Trilha da Juréia. A Trilha do Imperador. Nos valeu cada centavo aplicado, cada gota de suor derramada (ohhh).
Estar em um lugar com uma riqueza histórica tão grande, uma natureza tão preservada e linda, e além de tudo isso ainda com amigos, foi umas das melhores coisas que já fiz em minha vida.
Recomendo a todos esse passeio.
Até a próxima!
AMAI – Associação de Monitores Ambientais de Iguape
Ecoturismo e Educação Ambiental - www.amaiiguape.com.br
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